terça-feira, 18 de outubro de 2011
Constitucionalismo latino-americano
Folha
Voto nulo lidera, e Evo perde na Bolívia
Números extraoficiais apontam anulação de 45% em pleito para o Judiciário, na maior derrota eleitoral do presidente
Votação é novo capítulo de crise governista, que inclui protestos contra estrada financiada pelo Brasil dentro de reserva
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Números extraoficiais da inédita eleição para o Judiciário na Bolívia, realizada anteontem, apontam que 62% dos eleitores anularam o voto (45%) ou votaram em branco (17%), recorde no país.
O resultado é a primeira grande derrota política de Evo Morales desde que assumiu a Presidência, em 2006, embora não invalide o pleito.
Os índices, baseados em pesquisa do instituto Ipsos Apoyo, foram divulgados pela ATB, rede de TV privada. O Tribunal Eleitoral boliviano informou que não divulgará resultados oficiais antes do próximo fim de semana.
A oposição boliviana, que contesta o pleito, reivindicou a sua anulação, devido ao total de votos não válidos -pedido rechaçado pelo governo, que considera o comparecimento representativo.
Segundo o ministro do Interior, Wilfredo Chávez, muitos candidatos obtiveram "dezenas de milhares de votos", o que, segundo ele, dá legitimidade à votação e é mais democrático que o sistema anterior, em que os juízes eram escolhidos diretamente pelos congressistas.
A votação para o Judiciário, sem precedente na história do país, tem o objetivo de escolher numa lista de 116 candidatos 28 integrantes de altos cargos nas cortes.
Metade dos candidatos é mulher, e muitos são de origem indígena. Evo classificou a votação como "fundamental para a refundação da Bolívia". Os oposicionistas defenderam o voto nulo porque a lista de candidatos foi elaborada pelo Congresso, controlado pelo governo.
Anteontem à noite, o presidente disse que "o boicote às eleições falhou" e destacou o comparecimento do eleitorado -que, na verdade, é sempre elevado, já que o voto é obrigatório. A Bolívia tem 5,2 milhões de eleitores.
CRISE GOVERNISTA
O revés na eleição de domingo é mais um capítulo da crise no governo Evo Morales -que, reeleito em 2009 com 64% dos votos, hoje tem o apoio de metade desse percentual, segundo sondagens.
No final do ano passado, o anúncio de que o governo aumentaria em até 84% os preços dos combustíveis provocou reclamações em todo o país e obrigou Evo a desistir de fazer o reajuste.
No mês passado, a violenta repressão policial ao protesto indígena contra a construção de uma estrada -financiada pelo Brasil- no meio de uma reserva ecológica resultou na renúncia de ministros e em insatisfação na base de apoio do governo.
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