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PMDB ameaça barrar ida de ministro de Dilma para STF Partido veta
indicação de José Eduardo Cardozo para vaga de Joaquim Barbosa
Ações da PF contra peemedebistas durante a campanha eleitoral criaram animosidade na cúpula da sigla
SEVERINO MOTTA
ANDRÉIA SADI
DE BRASÍLIA
Cotado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, o ministro da
Justiça, José Eduardo Cardozo, virou alvo de líderes do PMDB no
Congresso, que trabalham para barrar sua indicação para a vaga aberta
com a aposentadoria de Joaquim Barbosa.
Os senadores José
Sarney (AP), Eunício Oliveira (CE), Lobão Filho (MA) e seu pai, o
ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, ficaram incomodados com ações
da Polícia Federal que atingiram líderes do partido durante a campanha
eleitoral deste ano.
Eles se queixam da atuação de Cardozo, a quem a PF é subordinada, e
sinalizaram ao Palácio do Planalto que seu nome será rejeitado no
Senado se a presidente Dilma Rousseff indicá-lo para o STF. Principal
aliado do governo no Congresso, o PMDB tem a maior bancada da Casa.
A irritação dos líderes peemedebistas teve início em setembro, quando
reclamaram do tratamento dado pela campanha de Dilma ao partido nos
Estados. Eunício concorreu ao governo do Ceará e Lobão Filho, ao do
Maranhão. Os dois foram derrotados.
Os peemedebistas também culparam o Planalto pelo vazamentos de detalhes
das investigações da Operação Lava Jato que colocaram integrantes da
cúpula do partido entre os suspeitos de receber propina de empresas que
fizeram negócios com a Petrobras.
O ex-diretor da estatal Paulo
Roberto Costa, que fez acordo com a Justiça para ajudar nas
investigações, apontou o ministro Lobão, o presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), e o da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN),
entre possíveis beneficiados pelo esquema.
Durante a campanha, a PF revistou a mulher de Eunício Oliveira num
aeroporto de Fortaleza, antes de ela embarcar num jato executivo rumo a
um evento de campanha. Lobão Filho foi abordado pela PF no aeroporto de
Imperatriz (MA), também quando se preparava para embarcar numa viagem
de campanha com assessores.
Os policiais revistaram o avião, carros e bagagens da comitiva de Lobão
Filho. O vice-presidente da República e presidente da sigla, Michel Temer, e Renan Calheiros criticaram a atuação da PF.
O secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, subordinado de Cardozo,
chegou a gravar um depoimento para a campanha de Flávio Dino (PCdoB),
que derrotou Lobão Filho nas eleições. Como o PT apoiava Lobão Filho, o
secretário vetou o uso das imagens.
O Senado nunca rejeitou uma
indicação presidencial para o STF. Os líderes do PMDB ameaçam vetar
Cardozo se ele for escolhido por Dilma, mas não estão trabalhando por
nenhum outro nome.
DESAVENÇAS
Além da animosidade com o PMDB, o ministro da Justiça também tem
desavenças com outro cotado para a vaga no STF, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.
Durante a operação Porto Seguro da PF, Adams foi surpreendido quando um
de seus principais colaboradores na AGU, José Weber Holanda, foi
apontado como participante de um esquema de venda de pareceres técnicos.
A situação criou desgaste político para Adams, uma vez que um
procedimento investigativo também foi aberto contra ele. O mesmo foi
arquivado em agosto de 2013, quando o Ministério Público afirmou que
Adams não fez parte do esquema e nada havia contra ele a ser apurado.
A vaga que Dilma tem para preencher no STF foi aberta com a
aposentadoria do ex-ministro Joaquim Barbosa, em julho. Ela não tem
prazo para escolher, mas deve fazê-lo até o fim deste ano.Além
de Cardozo e Adams, são cotados para a vaga o professor da USP Heleno
Torres, o professor da Universidade Federal do Paraná Luiz Fachin, o
ministro do STJ Benedito Gonçalves, o subprocurador da República Eugênio
Aragão, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o presidente
da OAB, Marcus Vinícius Furtado Côelho.
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